TEMPO REİ
Para tentar definir GİLBERTO GİL, acredito que enciclopédia estaria bem ao caso, tanto em abrangência quanto em conteúdo, já que suas criações musicais espalham-se por extensa e variada temática e sonoridade. Sempre plural e expandindo horizontes, ele iniciou sua última turnê em Março com show em Salvador e segue em sua despedida dos palcos enriquecendo a nossa experiência humana com suas músicas.
Para seus derradeiros espetáculos, ele traz o tempo para uma conversa com seu público, e Tempo Rei, sua última turnê, toma a canção homônima de sua autoria, como um verbete sobre a passagem do tempo. Nosso artista enciclopédia tenta explicar sua rica trajetória por esse seu tempo, que como qualquer outro, é complexo e inexoravelmente sempre chega!
Não me iludo
Tudo permanecerá do jeito
Que tem sido
Transcorrendo, transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar, Corcovados
Fustigados pela chuva e pelo eterno vento
Água mole, pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento
Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó Pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo socorrei
Pensamento, mesmo fundamento singular
Do ser humano, de um momento para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas, pais corujas
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam, não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo
Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó Pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo socorrei
Sob Gil, alguém sempre atento as nuances, o tempo em suas várias definições, agora, ontem, amanhã e eterno, é rito de passagem e senhor de toda transformação. Nesse espaço gilbertiniano, o tempo, por instante, sua alcunha mais dinâmica, se faz vulnerável e nos chama ao ofício humano de transformá-lo em futuro.
COLETIVA GIL TEMPO REI
AMİGOS, SONS & PALAVRAS
CONVERSA COM BİAL
GİLBERTO GİL - Biografia